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domingo, 6 de dezembro de 2015

UM BRINDE


A um falso segredo
A uma verdade guardada
A um banco de praça vazio
A um leito de rio parado
A um dente de leite roubado
Um brinde.

A uma voz de sono ao telefone
A um amor sufocado
A um beijo deixado ao lado da cama
A um sonho de padaria
Ao sonho da noite e do dia
Um brinde.

A um fardo não pesado
Ao presente no natal
Ao aniversário esquecido
Ao amigo e seu abraço apertado
Ao dinheiro achado no bolso
Um brinde.

Ao dia que nasce cedo
Aos pés que caminham ligeiros
Ao carro parado no trânsito
A quebra da rotina
Ao atraso
Um brinde.

Ao príncipe que hoje é sapo
A uma carta trazida pelo correio
Ao almoço ao meio dia e meio
A ambiguidade das palavras
A todas as metades e inteiros
Um brinde.

A noite que chega tarde
As graças e lamentações
A ação bem sucedida
Ao rompimento do gelo
Ao naufrágio no ar seco
Um brinde.

A morte da saudade
Ao velório da ansiedade
A pressa e a paciência
A ciência e a arte
Ao teatro e a música
Ao talento tímido do moço e da moça na rua
Um brinde.

Ao professor e ao atleta
A mãe da menina sapeca
Ao pai ao avô e a neta
Ao leitor ao livro e ao título
A todos e tudo que alegra

Por fim, um brinde a poetisa e ao poeta.
Williany Souza

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