A saudade, tal qual um sonho torpe
Inerte e desconhecido
Bem como a morte de Orfeu
O espelho que liga mundos de Cocteau
Entre uma infinidade de dimensões:
Dois pontos.
Não obstante ao acaso em que o destino é nulo
Gratificante senhora das lembranças.
A saudade, tal qual uma caixa de fotos em mofo
Metamorfose minha, insalubre ao oposto.
Leva diante dos olhos marejados
Lembranças inocentes
Momentos descabelados
E uma alma tão limpa quanto água alguma consiga ser
A saudade, tal qual o dia de ontem passou
Talvez assim também passe
Ou não, talvez o talvez nunca acabe
E enfim, eis que não tarde floresce
A incerta certeza de ser incompleto:
A saudade, tão grande quanto o mundo
Haverá de valer-se por ele.
Williany Souza